Ainda ano passado, quando conheci meu gringo num bar (história longa), enquanto ele ainda tentava me impressionar (e eu manter distância) uma das primeiras coisas que ele me disse quando soube que eu era brasileira, carioca, foi que um dos lugares preferidos dele no mundo era, vejam só, Ilha Grande, no Rio.
Obvio que esperou um " sim, claro, adoro!!" mas.... cri cri cri...
A verdade é que eu já tinha ido lá na Austrália mas nunca ali em Ilha Grande...e meu gringo, já!!!
Vontade de conhecer eu tinha de sobra, então quando decidimos ir pro Brasil juntos, ficou certo que iríamos passar uns dias por lá.
Ilha Grande faz parte do Município de Angra dos Reis. Não é possível chegar de carro, não existem balsas para o tal e só circulam alguns poucos veículos de emergência em Abraão, o vilarejo principal. Para chegar até lá é preciso pegar uma balsa, ou barco, saindo de um desses três pontos: Mangaratiba, Conceição de Jacareí ou Angra dos Reis.
Mangaratiba fica há pouco mais de duas horas do rio, um ônibus da empresa Costa Verde sai as 5 da manhã da rodoviária do Rio e chega em Mangaratiba antes das 8, quando sai a balsa em direção a Abraão. Chegada às 9:20.
Sim, eu sei, o horário é um tanto ingrato, mas acredite, vale a pena chegar na ilha com o dia ainda começando quando se tem tanta coisa pra aproveitar em poucos dias.
A balsa é administrada pelas Barcas (a mesma que faz Rio - Niterói), ou seja, grande e lenta.
Leva 1hr e 20 e custa míseros 4,80!
Se preferir, opte pelos speed boats saindo de Angra, mais luxuosos, mais rápidos e um pouco mais caros, óbvio. Em alta temporada, se estiver num grupo grande, é possível alugar barcos privados que façam a travessia.
Mas, no inverno, em plena segunda-feira, essa era nossa única opção.
Nunca canso de admirar a beleza das águas verdes (e únicas) da costa verde. |
Abraão, que era uma vila de pescadores, já perdeu um tanto da sua característica rústica devido ao grande foco em turistas, mas ainda tem seu charme, lojinhas fofas de artesanato, restaurantes bons e moradores locais felizes e de bem com a vida.
Há uma infinidade de pousadas e hostels, a escolha vai de acordo com o bolso e gosto de cada um. Também é possível se hospedar (ou acampar) em outras praias, mas Abrãao é a praia com mais estrutura e coisas pra fazer a noite, por exemplo.
Ficamos na Pousada Caiçara, uma fofura, com um toque requintado e familiar, que oferece um café da tarde todo dia as 4, ótimo plus na volta de um dia de caminhadas e praia.
Vale ressaltar, apesar da pouca estrutura, os preços são bem salgados, leve um grande quantidade de dinheiro em espécie, jã que não existe banco por lá.
O grande foco em Ilha Grande é fazer trilhas ou passeios de barco pra aproveitar o maior número de praias. Certifique-se de pegar um mapa na recepção de seu hotel. Eles indicam nível de dificuldade e tempo aproximado de duração das mesmas.
Primeiro dia, pensamos em começar light, ir até Lopes Mendes, parando nas praias do caminho. (T10, T11).
Light, quem falou em Light??
Fato é que as trilhas tem pedaços muito mais íngremes do que imaginávamos, além disso, fomos de Havaianas (erro amador número 1), primeiro vc sobe, sobe, sobe, depois começa a descer, descer, descer...
Tinha chovido no fim de semana interior, imagina que combinação maravilhosa? Havaianas e lama?
Pois é, o jeito foi tirá-las e andar descalços (erro amador número 2), entrou um espinho no pé do meu gringo, o que dois dias depois inflamou, a ponto de irmos até o posto de saúde de Abraão.
No qual ouvimos que podia ser na verdade, Tchachararan, uma Larva Migra!
Imagina só eu traduzindo isso pro gringo??
Felizmente, nada disso, (erro amador da enfermeira), o espinho saiu sozinho depois.
Faça as trilhas de tênis!
Ao chegar no topo, alguns clarões na mata proporcionam uma vista linda de Abraão. |
Depois de uns 50 minutos de trilha, chegamos na Praia de Palmas. Ja era hora do almoço e depois da caminhada, bateu aquela fome de dois mendigos.
Existem só dois barzinhos, super faturados, que não oferecem muita opção de comida. Acabamos comendo um sanduíche péssimo de frango (erro amador número 3!).
Leve comida, lanchinhos na mochila!
Enquanto comíamos, o tempo fechou, começou a chover e ficar frio, conversando com os locais, nos aconselharam a não ir até Lopes Mendes, não valeria a pena. Mas ao invés de voltar pela trilha pra Abrão, fizemos mais um pedaço da T10 até Pouso (meia hora), de onde sempre saem barcos ou escunas de volta, cobrando de 15 a 20 reais pelo traslado.
Linda chegada na Praia do Pouso |
Pegamos uma chuva daquelas na volta no barco, enrolados na canga, chegamos ensopados (erro amador número 4). Mesmo que não chova, venta muito nos passeios de barco, leve casaco ou capa impermeável.
A noite, fomos experimentar a tão falada moqueca do restaurante Lua e Mar.
Pensa num restaurante tranquilo, na beira da praia, com música ao vivo, moqueca ótima...
Agora, adiciona banana!! Pois é, meu meio-lado-mineiro, amou!! Aprovadíssimo!
Sim, a fome era tão grande que nem rolou uma ajeitada pra fazer a foto bonita! |
O passeio sai normalmente as 10.30 da manhã e volta às 4 da tarde. Vai direto à Lagoa Verde, depois pára na Lagoa Azul, Saco do Céu (parada pra almoço), Estrelas e Feiticeira.
Essa lagoa se forma na junção de duas praias. Suas águas calmas, mais quentes e várias pedras tornam o lugar perfeito pra snorkelling. Normalmente os barcos oferecem o equipamento.
Nessa foto deu pra pegar um gostinho do que seria o lugar num dia bonito de céu azul. O condutor disse que esse é um dos pontos preferidos dos turistas, que tivemos sorte pois no verão o local fica lotado de barcos, o que atrapalha a visão dos peixes.
Saindo dali, paramos na Lagoa Azul. Também vale muito a pena pro snorkelling, mas no nosso caso já tinha ficado muito nublado, o que atrapalhou a visibilidade. Além disso, devido a sua formação, nesse local bate uma correnteza, o que torna a experiência menos agradável.
O Saco do Céu é uma enseada de aguas calmíssimas, dá a impressão de ser um lago e é chamado assim devido ao fato de que no verão, é possível ver o céu estrelado refletido nas águas! Imagina só!!!
Pôxa São Pedro! Na próxima só quero sol!!
Minha cara de felicidade ao andar pelo mangue, morrendo de medo de pisar num caranguejo no caminho... |
Além disso, foi um ótimo momento de confraternização com os gringos do nosso barco (sim, eu era a única brasileira num grupo de 10!! Coisas de Copa do Mundo!).
Me contorci pra tentar explicar pra uma jornalista alemã o que eram farofa e pirão e foi impagável ver um chileno experimentando o olho do peixe!!! Ui!
Googuei o nome do restaurante pra saber se tinha site pra colocar aqui, não tem, mas acabei achando esse post sobre o local, vale a pena a leitura!!
http://desafiosgastronomicos.blogspot.com/2011/03/desafio-atravessar-o-mangue-para-um.html
O barqueiro me prometeu que não haviam caranguejos!! ;-) |
Do almoço seguimos para bonita Praia das Estrelas, onde desemboca um rio e existem algumas propriedades privadas.
"Sigo palavras e busco estrelas,
O quê que o mundo fez
Pra você rir assim?"
De lá seguimos pra pequena Praia da Feiticeira, onde fica a subida para a trilha até a cachoeira com o mesmo nome. A trilha dura em média meia hora, não dá pra ir e deixar o pessoal do barco esperando, a não ser que seja um barco alugado só por um grupo. Mas o tesouro dessa praia está escondido depois das pedras, que formam uma piscina natural, em frente a uma amendoeira gigante.
De volta a Abraão, para jantar, tínhamos planejado ir no Barbecue (churrasco) na beira da praia do Restaurante Café del Mar, que era uma das coisas que meu gringo tinha feito e gostado por lá, mas, pro nosso azar, eles só fazem o churrasco às segundas e quartas (era terça e íamos embora quarta a tarde), então #FicaAdica pra quem estiver por lá nesses dias.
O terceiro e último dia amanheceu menos nublado e se transformou num dia lindo de sol!! :-)
Fofura, Hachiko versão caiçara! |
Bem cedo resolvemos andar pelas trilhas que levam à praia de Abraãozinho, passando por outras praínhas, da Julia, da Bica e da Crena.
Essas trilhas são fáceis, menos íngremes e rápidas, dura meia hora, passando pelas outras praias, da até pra fazer com crianças que não sejam muito pequenas.
A praia do Pouso fica cheia de barcos para o Traslado rumo a Lopes Mendes. |
Não ficamos muito porque ainda queríamos conhecer a praia de Lopes Mendes, conhecida por ser a mais bonita da região, praia de mar aberto, paraíso de surfistas, com altas ondas. Por esse motivo, não se chega de barco, é preciso andar pela trilha que começa na praia de Pouso. Dessa vez, cortamos caminho, pegando um dos barcos que faz esse traslado, saindo do píer de Abraão.
Realmente, essa praia faz jus a fama. Seus 3 quiilômetros de extensão, ondas alinhadas e areias quase desertas, a tornam uma das mais belas praias em que já fui!!!
Fiz até uma panorâmica, tanta beleza não cabe numa foto simples!! |
Apesar da água se manter bem rasa até chegar na arrebentação, a correnteza pode ser bem traiçoeira, tanto que não era de se esperar um posto de salva-vidas num lugar tão ermo e de difícil acesso assim.
Perto do "desemboque" da trilha é onde ficam a maioria das pessoas que vão a essa praia, existem alguns ambulantes vendendo bebidas e sanduíches naturais, mas a dica, novamente, é levar seus quitutes e andar até o outro extremo dela, perto das pedras, onde desemboca um rio de água doce (dica pra tirar água de sal do corpo) e poucas pessoas andam até lá. Vira quase sua praia privativa.
Antes das 4 da tarde, fizemos a trilha de volta e pegamos o barco de volta pra Abraão, as 5.30 saía a Balsa de volta pra Mangaratiba, de onde voltamos pro Rio.
Sorte que, por ainda estarmos com fome, as 5 da tarde paramos no Café Del Mar e perguntamos se eles fariam uma prato de peixe rapidinho, pedido atendido solicitamente, refeição que, sem pretensão, se tornou um dos melhores peixes que já comi!!
Me apaixonei pelo molho de Manga e o Molho de côco, infelizmente não guardei o nome do peixe, mas perguntei ao garçom, toda orgulhosa da nossa terra, se era daquelas águas, ele disse que não, era de água doce, trazido do Uruguai! Hahaha Viva a globalização!!!
Ainda ficou muita coisa pra conhecer, queria muito ir, principalmente, a praia do aventureiro, que é uma reserva biológica, mas nesse ultimo dia a ondulação estava alta e só barcos grandes fariam esse percurso pelo lado Sul (mar aberto) da ilha. Perguntei em todas as agências de turismo, se alguém faria, mas por ser baixa temporada, não tinham o número suficiente de pessoas pra esse passeio.
Entao fica a dica pra quem tiver mais dias ou for no verão!
:-)